quarta-feira, 22 de julho de 2009

A respiração do tigre

Por campos amarelos e selvagens,Como se de dúcteis paredes de memória se tratasse,Ele rasteja pelos submersos silos de trigo,E respeita o dom de caçador nato,
Não para assassinar, mas para sobreviverA uma dura vida de esperanças encurtadas pelos homens...Repito, por ditos homens...Que nada fazem senão permanecer numa agonia eterna...E deserta que nem ética ou chuvas vermelhas de inocência,Os fazem ser mais animais que outra coisa qualquer.Esses são por escolha, e a sua cobardia ilimitada,Proclama clandestinamente a fraca respiração do tigre.
Ele ainda existe!...E revela-se tão distinto como o próximo fruto que apodera.Seu corpo de fogo que arde quando hesitantes tacteiam,E a forte luz da bruma que cria, não é por gosto, ofício,Mas é mais um corpo que se abre e grita pela sua ferida.Um triunfo? Por estar vivo e viver?
Hoje, mais de metade colheu ventos e adormeceu em seus riosEnquanto que a minoria, viva,Escorrega mansamente sobre a água ainda por manchar,Recolhendo a frágil luz dos últimos dias de nobreza,E como primos dos reis da selva, lembram outras históriasEm que a respiração era contínua e forte e bem recebida,E a terra era coberta de sombra dos cedros gigantes queProlongava o seguro garantido da selva e a ausência de medo.Antes reinavam-na, agora sentem-na!
O tigre vivo respira,Mas sente que é ameaçado, só por respirar!


24/2/98

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A cegueira

Água, pura e transparente...
Revoltado com a firme vontade de...
Tocar,
Sentir,
Provar e ouvir.
Almas embrulhadas em sopro divino e calmo,
Que nada fazem para uma mudança de corpos,
E procuram a sua medida e eterna luz....
Na escuridão e cinemas sem cor.
Neste efémero instante em que a harmonia instala-se;
A palavra é muda e o receptor é surdo.
Mas a verdade jamais será visionada...E porque,
O mundo é, aquilo que não é.
Ver não é ouvir, e ouvir nunca será ver!

26/4/98